domingo, 14 de março de 2021

Especial – 20 Bons Álbuns de 2020

Todo ano tem aqueles disquinhos especiais originais daqueles artistas acima da média que acabam entrando pra nossa discoteca ou playlist pra sempre. O Programa Rock Night escolheu aqui apenas alguns, é claro. Todo mundo tem seus preferidos. Essa é apenas uma possível lista, levando em consideração obras que foram veiculadas no programa ao longo do ano e que entraram no Top 40 lá no final de 2020. Então, vejamos.

AC-DC – Power UpA há! Começando a lista com mais do mesmo! É que é em ordem alfabética … Mas não é bem assim, o grupo nunca tinha gravado essas músicas que ficaram engavetadas e são creditadas, todas, a Malcolm e Angus Young. A formação é a mais original possível. Então, levanta o volume e escancara no hard rock perfeito de um dos maiores sons do planeta. O single Shot in The Dark não deixa pedra sobre pedra. Realize e Kick When You’re Down não ficam atrás.

Al Di Meola – Across The Universe – Sim, é um disco de covers, e instrumentais. Mas as canções são as dos Beatles e o guitarrista está inspirado aqui. Ele criou versões muito próprias, ainda que algumas tenham semelhanças com outras conhecidas. Tocando violão e num clima acústico, esse músico de Nova Jersey e manjadão pra quem gosta de jazzrock, esbanja categoria e sutileza em Here Comes The Sun que abre a bolacha, a linda releitura de Strawberry Fields Forever (em que ele se utiliza do melotron no começo também) e a sutil e bela Julia entre outras delícias.


Black Stone Cherry – The Human Condition Esse grupo vem se destacando no Metal Alternativo ao longo dessa última finda década e nesse álbum demonstram sua perfeita maturidade em equilibrar som pesado com algum pop. O excelente vocal de Chris Robertson e as sempre ótimas guitarras atestam que os caras são algo mais além de caipiras do Kentucky. Destaque para a nervosa Ringin’ In My Head que abre o disco, o trash de Live This Way e a balada If My Heart Had Wings.


Blues Pills – Holy Moly! - Agora chegou a vez do Rock Sueco! Essa é a pátria da boa música e as garotas cantam nas bandas dos guris na maior curtição e arrasam. Aqui eles dão um passo além e flertam definitivamente com o pop engajado como na abertura Proud Women. O Blues chega em Low Road que anuncia um disco pesado, na verdade. O clima hard segue e ainda há espaço pra boas baladas como California e Dust.



Bruce Springsteen – Letter To You – Quem se cansou do Boss mediano dos últimos álbuns solo vai gostar desse aqui. A E-Street Band está de volta e com ela o som clássico de Springsteen. Para o fã, o disco não é menos que sensacional. Parece que acompanhado dos viejos amigos as canções do patrão funcionam melhor. É o que ocorre em House of a Thousand Guitars e Ghosts. É claro que a sentimental faixa-título não decepciona nem um pouco.



Declan McKenna – Zeros – Em seu segundo álbum, esse piá impressiona pela versatilidade e nível das composições. Indo muito além do pop palatável, Declan impõe seu estilo e projeta a música que vem pela frente. O single Be An Astronaut é simplesmente soberbo e não se circunscreve em um só padrão. Pode até ser um Prog Rock se olharmos por certo ângulo. You Better Believe, a abertura e Daniel, You’re Still a Child não são menos impressionantes.



Deep Purple – Whoosh! - Fala mal do velhinhos, fala! Quem disse que idade significa alguma coisa no Rock And Roll? Essa bolacha é um petardo do hard progressivo como quase não existe mais. Os caras estão super em forma, as passagens instrumentais são ótimas, os solos são afudê, etc. etc, etc. Os singles são um arraso, Throw My Bones que abre o álbum e Man Alive. A voz do Gillan tá bacana, tem as bem Purplescas como Drop the Weapon e Step By Step, o rockão What The What e um flerte bacana com o pop na bela The Power of The Moon.


Flying Circus – 1968 – A Alemanha eventualmente produz boas bandas de Rock. Esse grupo vem num crescendo nos últimos anos e nos apresentou um disco que traz a memória desse ano marcante da história. Os vocais lembram Geddy Lee do Rush, mas o som vai além do hard progressivo e tem pitadas de pop e também climas típicos de Krautrock, mas sem exageros. A inspiração é Dark Side Of The Moon; é um álbum conceitual baseado no que se passou em algumas cidades que dão nomes às músicas como ParisNew York e Vienna.



Green Day – Father Of All Motherfuckers2020 foi o ano em que Billie Joe Armstrong gravava seu ótimo disco solo de covers, mas em Fevereiro lançou o álbum que gravou com a banda em 2019. É Punk Rock? Sim! Mas tem um lado Vintage impresso na concepção do disco que o torna muito diferente e interessante. Stab You In The Heart é pura dinamite, assim como Fire, Ready, Aim e tem coisas tipo Hino Greendayano em que I Was a Teenager Teenager se encaixa muito bem.



Green Seagull – Cloud CoverPense que você está em Los Angeles ou Londres em 1967 ou pouco depois. Esse é o som dos ingleses do G.S. Pop barroco, psicodélico com direito a cravos, cítaras, pedais fuzz e harmonias vocais a la Beach Boys. Há uma nova cena Neo-Psych londrina da qual o grupo é expoente. Em seu segundo álbum eles, mais uma vez, repetem a fórmula que gerou boas críticas para a bolacha de estreia. Destaque para a bela balada de abertura Aerosol e a grudenta Dead And Gone. Eles até se arriscam em contemporaneidade na funkeada Live in Lover.

Joe Bonamassa – Royal TeaO maioral do blues-rock contemporâneo está de volta. Dessa vez ele gravou no Abbey Road, em janeiro de 2020, pouco antes da pandemia, no histórico estúdio onde os Beatles viveram grandes momentos. Acredito que essa atmosfera nostálgica tenha influenciado na gravação que é bela e ousada. A começar pela abertura orquestrada e lenta, When The Door Opens que se qualifica a clássico do Rock. Ele fez jams com Jools Holland, Dave Stewart e Bernie Marsden e saíram várias parcerias. Destaque para o maravilhoso Blues Rock com muito wah-wah I Did,t Think She Would Do It, e Lonely Boy, Rockabilly com Big Band e eco na voz. Esse músico americano faz mais uma vez o caminho de girar a roda da história pois o disco é uma homenagem à British Explosion que influenciou jovens guitarristas como ele a abraçarem a profissão.

Laura Marling – Song For Our Daughter Todo mundo tem uma voz angelical que gosta de ouvir pra se sentir elevado. Podemos falar da Sandy Denny ou da Joni Mitchell, mas atualmente tem a Laura Marling. Flertando com pop, mas essencialmente no universo índie e folk, essa expressiva cantora fez mais um disco soberbo. Sempre enfatizando o universo feminino e íntimo, abre com Alessandra que traz um clima anos 70 bem cheio de sentimento. Held Down vem em seguida no mesmo embalo, cheio de belos vocais de apoio. Strange Girl é uma pouco mais animada e um tanto dylanesca como muitas vezes essa cantora soa. No refrão a música se acende com uma voz muito bela e um lindo e preciso apoio vocal.

Lousiana’s Leroux – One Of These DaysPode um grupo voltar à ativa depois de 20 anos e gravar um álbum exemplar? Esse grupo, que obteve sucesso nos anos 80 e gravou esporadicamente nos anos 90, fez isso. Sempre abraçando o gênero Southern Rock, o Le Roux não decepciona nem um pouco. A começar pela escolha do ótimo vocalista Jeff McCarty cujo timbre é perfeito pra cantar Rock. Destaque pra incrível abertura e faixa título One Of These Days que começa em alto astral embalando com a bela e suplicante balada No One’s Gonna Love Me (Like The Way You Do) e Lucy Anna mantendo a velha tradição de canções com nome de mulher.


Marcus King – El DoradoKing, um nome novo e brilhante. Em seu primeiro trabalho solo, luxuosamente produzido por Dan Auerbach, o cantor e guitarrista se entrega à emoção e foge um pouco à obviedade do som do sul dos EUA. É visível a tentativa de escapar dos rótulos. Muito soul e uma voz rasgada, aguda e cheia de feeling, em um garoto de 23 anos e olhos azuis, realmente impressiona bastante. As guitarreadas são precisas, marcantes e econômicas. O time que acompanha é formado por feras, destaque para a sublime abertura Young Man’s Dream com uma pitada de country, o blues-rock com riff poderoso The Well e o flerte com o pop funkeado em One Day She’s Here.


Morrissey – I Am Not A Dog On A ChainNão há como descartar esse veterano como um grande letrista do Pop/Rock. O que se destaca aqui é a língua afiada contra aqueles que querem enquadrá-lo por certas atitudes ou reduzí-lo a rótulos, o que é brilhante, a começar pela faixa título, Eu não sou um cachorro numa coleira. A sonoridade é eletrônica, batidas sintetizadas e tecladinhos, mas isso não esmaece o vigor do álbum. O clima iconoclástico continua em Love is On Its Way Out em que ele procura a falta de amor nas entrelinhas. Darling, I Hug A Pillow também é outra boa resposta desaforada àqueles que criticam sua (falta de) sexualidade.


Rufus Wainwright – Unfollow The RulesO compositor canadense volta a gravar um disco autoral depois de 7 anos, o último tinha sido Out Of The Game (2013). Maduro, a começar pelos cabelos e barba, brancos na capa, ele se apresenta aqui melhor do que nunca. Suas canções brilham com melodias surpreendentes que transitam ao longo de sua grande extensão vocal, indo do barítono até os altos falsetes. Destaque para a marcante abertura Trouble In Paradise, o sempre vivo auto-cinismo de You Ain’t Big e a bela valsa Peacefull Afternoon.

Shemekia Copeland – Uncivil War – Essa multinomeada e vencedora de Grammys é nada mais do que uma das maiores cantautoras do mundo. Já foi chamada de “a rainha do blues” e sua voz é cheia de personalidade, madura, infalível e muito forte. Além disso o álbum é uma aula de como compor canções inteligentes que falam sobretudo do racismo e do sexismo nos EUA, com arranjos sofisticados e precisos pra realçar o que importa, as soberbas interpretações. Sonoramente ela está na área do Blues/Soul/Americana com pitadas de rock e pop, enfim para agradar a todos. Gravado em Nashville, traz uma faixa de abertura que já vem arrasando. Clotilda´s On Fire É sobre uma mulher que é escravizada num navio. Walk Until I Ride, Uncivil War e Money Makes You Ugly não são menos impressionantes. Mas há muito mais, é claro.

Terra Lightfoot – Consider The Speed – Esse álbum surpreendente vem de uma artista que, como o título insinua, vive correndo. Depois de uma turnê mundial para promover seu segundo álbum, Terra foi pra casa descansar, e mesmo assim não se inspirava a compor. Então tudo mudou quando resolveu ir a Nashville, sempre Nashville. Algumas semanas por ali a fizeram escrever canções íntimas e confessionais, além de elaborar a morte de sua avó. O resultado é simplesmente um clássico de beleza, autenticidade e, principalmente, excelente música. Blues Rock de raiz, abre com a funkeada Called Out Your Name. Em seguida vem a pop e hipnótica It’s Over Now. A linda balada Empty House entra em seguida … que sequência de abertura!

The Struts – Strange Days – Apesar das crítica medianas, há que se considerar esse como o melhor álbum do grupo. Os “dias estranhos” da Covid fizeram os caras gravar dez músicas em dez dias. Cheio de parcerias e participações especiais e alguns covers, a bolacha é um amálgama de pop e rock’n roll gravado com honestidade e sem preocupação com rótulos. A regravação de Strange Days com Robbie Williams abre bem. É uma bela canção. Do You Love Me do Kiss é bem bacana. Mas o destaque vai para a faixa com a participação de Albert Hammond Jr., um nome solo em ascensão, guitarrista do The Strokes, que embeleza Another Hit Of Showmanship, um pop rock berrado, bem ao estilo do grupo.

Wishbone Ash – Coat Of Arms Ninguém pode acusar essa banda de não ter-se mantido fiel a seu som que é um rock pesado, mas com duas guitarras não tão distorcidas. Essa convicção em um som próprio é que possibilita a essa altura do campeonato registrar um disco como esse. Já abre com a convincente e vigorosa We Stand As One que tem um bom riff. A faixa título vem em seguida. Épica e longa tem outra boa base de guitarra natural com uma frase que ganha importância ao longo da música, se metamorfoseando, sempre no duelo de duas gibsons, que aliás estão no brasão que ostenta a capa (Uma Les Paul e uma Flying V). Também tem a quase pop Too Cool For Ac e a bela balada Déjà-Vu.



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