domingo, 7 de março de 2021

Especial – Rock Nórdico

Quem começou a curtir música nos anos 70 e continuou nos 80 assistiu a uma infinidade de artistas nórdicos desfilarem nas rádios FM’s. Verdadeiro fenômeno de popularidade foi o grupo ABBA. Em minha infância lembro de escutar exaustivamente as canções da dupla Benny/Bjork no rádio, Lps de novelas e coletâneas internacionais, além, é claro de vê-los na TV. Os arrojados clipes de Lasse Hallström sempre causavam impacto e eram exibidos nos melhores programas em horário nobre. O ABBA cresceu mundialmente porque venceu um concurso musical importantíssimo no panorama europeu, o Eurovision. Contrariando todas as expectativas, Waterloo conquistou espetacularmente a edição de 1974, levando a Suécia à sua primeira e retumbante vitória.

Nos 80, quem não pirou vendo clipe de Take On Me do A-ha, grupo de pop Norueguês? É um Clipe “cult” se é que pode-se dizer assim. A MTV havia estreado e arrebatado a audiência jovem, em primeiro lugar, depois todas as outras, revolucionando a linguagem televisiva. Os prêmios da emissora ganharam status de Oscar. Pois bem, o clip de Take On Me arrebatou 6 desses prêmios em 1986.

Uso esses dois exemplos para reforçar o porquê de tantos grupos musicais talentosos virem de países nórdicos: investimento estatal em música. A tradição remonta o renascimento e depois o iluminismo nórdico. A região mais ao norte da Europa tem uma longa tradição em valorização da cultura. No Ministério da Cultura Sueco há um consenso, não importa qual governo, de que se deve investir e muito em Artes em Geral: música, literatura, teatro, etc. Muitos festivais são realizados, local e nacionalmente. Dentro do gabinete cultural há uma série de organizações destinadas a levar incentivo para despertar nos jovens a atração pelas artes.

No caso da música, desde meados do século XX, se investe muito. Tal desejo de produzir música e músicos de qualidade chega fácil no âmbito da educação com as escolas comunitárias de música, espalhadas pelo país e dentro das cidades. A matrícula é opcional e livre para todos, É nelas que os jovens talentos costumam ter seu primeiro contato com instrumentos, corais e grupos musicais. Esses parâmetros são seguidos por Dinamarca, Finlândia, Noruega e Islândia, é claro. Fica absolutamente obvio que a grande qualidade e riqueza musicais vêm daí.

Nos últimos 20 anos nem precisamos destacar a fama e qualidade do Metal e do Jazz nórdico, e isso até pode ser tema de um programa futuro, mas o impressionante é como mais recentemente tivemos o surgimento de uma geração de músicos e grupos impressionantes de Rock, Blues e Soul.

No Programa Rock Night que vai ao ar no dia 10 de março, são apresentadas algumas bandas excelentes, a maioria em atividade, que representam muito bem essa nova e avassaladora safra de grupos nórdicos. Aqui estão apenas algumas delas dentre as que estão no Programa.

SUÉCIA – A nação que mais tradicionalmente produz grandes nomes da música tem amplo destaque nesse cenário. O primeiro contato com essa nova safra veio através do amigo carioca de Vila Isabel e blogueiro Edson D’Aquino do Gravetos & Berlotas. Ele colocou lá para se ouvir alguns álbuns da banda instrumental de Estocolmo Plankton. Trata-se de um incrível grupo de Heavy Progressivo, com fortes pitadas de psicodelia a la Hendrix com direito a muito wah-wah. Os temas longos e brilhantes são baseados em lendas, contos de fadas e mitologia nórdica, é ouvir pra conferir.

Tem também o Siena Root, outro grupo de Heavy Progressivo impressionante. Nesse, além de guitarras temos uma forte presença do órgão hammond, riffs contagiantes e, claro, muitos solos. Cantando em inglês, tendência da maioria, eles arrasaram em alguns álbuns da década passada como Pioneers (2014) e A Dream of Lasting Piece (2017). Mais recentemente incorporaram uma tendência nacional que é apresentar vocalistas mulheres. A Suécia tem muitas bandas em que o protagonismo é feminino, como a Blues Pills, que faz um Rock mais puxado pro blues e tem a bela e competente Elin Larsson à frente. Ou quem sabe podemos falar da Heavy Feather apresentada pelo meu amigo Marcelo Maddy Lee outro blogueiro. Trata-se de um som vintage, Heavy e Pop ao mesmo tempo cuja crooner é a enfurecida Lisa Lystam. E isso é só uma amostra, no programa tem mais.

FINLÂNDIA – Outra nação que demonstra grande vigor musical nesse início de século é a Finlândia. Modelo para muitas coisas no mundo, os finlandeses também vêm se destacando pela qualidade de seus grupos. O Von Hertzen Brothers é um bom exemplo disso. Em atividade desde os anos 90, eles têm forte presença na cena finlandesa de música e fazem um mix de classic rock e progressivo com pitadas de Heavy.

A tendência das mulheres se destacarem aparece aqui com as incríveis Erja Lyytinen e Ina Forsmann. A primeira é uma guitarrista, cantora e compositora de primeira que fez recentemente uma forte incursão ao pop. A segunda é uma cantora de soul blues com timbre rasgado e impressionante.

DINAMARCA – Esse país vem progredindo bastante na música, sobretudo na última década. No programa, podemos destacar a banda mais famosa da Dinamarca, The Raveonettes. Esse duo de Indie Rock estabeleceu um padrão de excelência que os outros grupos querem seguir. A The Asteroids Galaxy Tour é outro duo pop muito interessante e mais psicodélico.

NORUEGA – País vizinho à Suécia, a Noruega vem crescendo em sua contribuição para bons artistas em música. Vale a pena conhecer Borge Olsen, multi-instrumentista radicado nos EUA que faz um som instrumental de ótima qualidade e está nas cortinas do programa. Não podemos esquecer a voz angelical de Aurora Aksnes um grande talento, muito jovem, apenas 24 anos e a esquisita e psicodélica banda Howlin Sun. E tem a explosiva banda de hard rock retrô Pristine capitaneada pela incrível Heidi Solheim.

ISLÂNDIA – A terra da Björk só confirma a esquisitice, e nesse programa, as três bandas presentes estão lá bem no finalzinho e encerram deixando dúvidas sobre o que mais pode vir daí, da grande ilha vulcânica. Ouçam a Sigur Ros, Of Monsters And Men e Svanfridur e me digam o que acharam, ok?





2 comentários:

  1. Valeu pela citação, grande Larry! Sou mesmo um entusiasta do rock nórdico. Poderia citar também a sueca Lotus, pioneira no blues rock na região, a Baskery e seu bluegrass recheado de punk e, mais recentemente, a islandesa Kaleo. []ões

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    1. Maravilha Eddy. A Lotus já tenho baixado as outras vou ver. To sempre de olho lá no Gravetos que sempre será uma das grandes referências do universo roqueiro blogger.. Esse programa é uma reprise e agora que eu criei o blog resolvi repeti-lo com o texto junto. Tu não sabe do Carmelo?
      Abração!

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