domingo, 28 de março de 2021

Especial - 20 bons álbuns de 2015

Alabama Shakes – “Sound And Colour” – quando esse grupo surgiu, quatro anos antes, arrebatou crítica e público com seu Rock-Soul-Índie cheio de balanço, além de uma cantora original. Nesse segundo trabalho, eles foram além. O que foi produzido é algo original, relativamente difícil, mas bastante intenso. Britany e sua troupe, psicodelizaram tudo, dando climas estranhíssimos para algumas canções e ainda produziram um single palatável de grande beleza e sucesso, I Don’t Wanna Fight.

Blackberry Smoke – “Holding All The Roses”- nesse ano, esse grupo foi a grande sensação do Southern Rock e fizeram uma grande turnê com o Lynard Skynard. Ótimo vocal, guitarras afiadas, com pegada de hard rock e lindas sessões acústicas além de um pouco de country e blues. Difícil dizer o que é melhor nesse disco, é tudo muito bom. Minhas prediletas são Let Me Help You Find The Door e Fire In The Hole. Muitíssimo legal.

Chris Cornell – “Higher Truth – além de ter participado do Soundgarden e do Audioslave o cara agora explodiu em uma carreira individual muy digna. Esse é simplesmente o melhor álbum solo dele. As canções são uma porrada, emocionantes, e Nearly Forgot My Broken Heart é sensacional.

Colin Hay – “Next Year People” – o veterano escocês continua compondo como poucos. O Men at Work, grupo radicado na Austrália, que ele ajudou a fundar nos anos 80, ainda é lembrado até hoje por grandes canções. No seu álbum desse ano o cara não decepciona. Além Da leveza do instrumental há músicas fantásticas como Scattered in The Sand e a incrível Lived in Vain.

Dweezil Zappa – “Via Zammata” – opa, esse é um azarão. Coloquei nessa lista porque sendo zappamaníaco eu ouso dizer que esse é o trabalho que eu esperava ouvir há muito tempo. É a coisa mais madura que um descendente do Frank podia fazer. Dweezil tá cantando, compondo e arranjando como nunca, as canções são espertas, irônicas e esquisitas como as do paizão. Foi uma grande alegria ouvi-lo nesse álbum.

Faith No More – “Sol Invictus” – não dá pra dizer que é o melhor disco deles, mas também não é o pior. Ele não decepciona porque a banda sempre foi meio indefinível e aqui eles mantém a pegada na faixa título ou em canções como Sunny Side Up, por exemplo. Apesar de um pouco enferrujados ao vivo eles têm importância por soarem sempre diferentes. É um bom álbum.

James Taylor – “Before This World” – Esse veterano do country-folk-rock fez um de seus álbuns mais bonitos de tempos recentes. Com instrumentação, arranjos e vocais precisos e irretocáveis, o disco nos emociona mais e mais a cada faixa. Adoro Today, today, today e a comovente Angels of Fenway. Esse é um play memorável e deve ser saboreado vagarosamente. Também chegou aos primeiros lugares das paradas merecidamente. Discaço.

Joe Bonamassa – “Muddy Wolf At Red Rocks” – Há muito tempo que Joe Bonamassa já um dos grandes guitarristas de Blues/Rock em atividade, mas sua raiz mesmo é o Blues, que ele toca de forma soberba e virtuosa, eletrificado ou acústico. Esse é apenas mais um trabalho ótimo, misturando canções de dois dos nomes mais importantes do Rithm’n Blues de todos os tempos. O álbum chegou aos primeiros lugares da Bilboard. Deve ser porque além de ele cantar tri bem e com muito feeling, quando mete a mão na guitarra ... uh, é um furacão, e transforma o astral em algo absolutamente sensacional.

Karina Buhr –“Selvática” – esse foi um dos melhores discos de rock nacional desse ano. Essa menina lá do nordeste é realmente criativa, ousada, e defende um ponto de vista feminino bem atualizado. O instrumental tem pegada e ela, grande performance.

Lana Del Rey – “Honeymoon” – Muita gente reclama, torce o nariz, acha chata. Tudo besteira, eu acho. Ela é um dos maiores e mais importantes nomes do Rock/Pop da atualidade. Sua forma de colocar a voz, com aquele efeito todo, é ousada. Suas canções são densas, profundas e inquestionavelmente fáceis de memorizar. Basta ouvir o primeiro single High By The Beach ou a faixa título para se convencer. Ela é dramática, mas canta e compõe bem. Esse é um dos imperdíveis desse ano.

Marcus Miller – “Afodeezia” – É covardia colocar um jazzrock por aqui, mas eu gosto particularmente do MM porque além de tocar contabaixo bagarai, compõe e arranja muito bem, canta legal e diversifica bastante o som de faixa a faixa. Miles Davis ficaria orgulhoso. Muito agradável de se ouvir de cabo a rabo. Serve tanto pra pensar, quanto curtir momentos de virtuosismo ou simplesmente de fundo musical. Usei a canção Highlife como cortina para o programa várias vezes.

Mark Knopfler – “Tracker” – esse é outro veterano e cancheiro. Continua compondo com categoria, canções que, ao mesmo tempo são pop, mas carregam o melhor da tradição do rock e do blues. Beryl, Broken Bones e Skydivers são monolitos que exemplificam muito bem isso.

My Morning Jacket – “The Waterfall”esse grupo, bastante original, apresenta canções épicas com climas e mais climas bem diversos, tudo em uma só canção. Acontece assim com a faixa Believe que tem romantismo, clássico e progressivo, com algum peso, tudo em uma só peça. Comece ouvindo essa que as outras vão fazendo mais sentido. Bem interessante.

Paul Weller – “Saturns Pattern” – Dispensa apresentações, mas para quem não conhece o cara era a alma de duas bandas incríveis, o The Jam e o Style Council. Esse disco tem tudo o que tinha nesses dois grupos, agressividade punk, atitude, muito soul, elegância e inteligência. A faixa título é o melhor exemplo disso. Esse é um veterano que nunca decepciona. Super bom.

Ringo Starr – “Pictures From Paradise” – nada supera a experiência e, esse disco é uma delícia para beatlemaníacos. Isso define esse que é um dos melhores álbuns de Ringo. A faixa título é hipnótica e composta somente com títulos de canções dos Beatles.. As músicas são diretas, roquenrol sem enrolação. Rory and The Hurricanes, Bridges e Let Love Lead são belíssimas. Quem diria, hein? O patinho feio, killing…

Steve Hackett – “Wolflight” – os trabalhos do ex-guitarristas do Genesis são sempre tocantes. Aqui não é diferente. A profundidade da abordagem de Steve a temas comuns consegue ainda nos surpreender, mesmo usando os velhos recursos do Prog. E qualidade é coisa rara na música hoje em dia. Esse é um álbum belíssimo executado por um artista de alto gabarito em plena forma.

Steven Wilson – “Hand Cannot Erase” – o novo mago do rock progressivo dá adeus ao Porcupine Tree e se atira em uma carreira solo criativa, enquanto também produz outros artistas em estúdio. Todos os grupos tradicionais de prog, mas também de outros estilos, agora correm atrás do toque de midas do cara para remasterizar obras antigas. O Yes, o Gentle Giant, o Jethro Tull, o XTC, entre outros já fizeram isso. Acho que é legal conhecê-lo porque se trata de uma mistura de várias matizes do progressivo. Wilson só trabalha com grandes estrelas e as usa como seus músicos. Bacanérrimo.

The Aristocrats – “Tres Caballeros”Guthrie Govan, um dos guitarristas mais incríveis que já ouvi é um show à parte como sempre. Ele e seus amigos aqui estão no auge da forma e do virtuosismo e aliam tudo isso a bastante criatividade. As músicas são surpreendentes, inusitadas e muito bem executadas. Jazz? Rock? Country? Blues? De tudo um pouco, com sensibilidade e categoria.

The London Souls – “Here Comes the Girls” – Esse humilde grupo de jovens de NY, com inspiração sessentista e britânica fazem um som ducacete. Se tu gostas de Beatles, Stones e Kinks ... vai gostar desses caras, muito afinados, dançantes e barulhentos, tudo ao mesmo tempo. Uma banda pra lembrar o astral das antigas, mas com algo bem original. Fui ouvir sem conhecer e tive uma grande surpresa. Tenhas tu também.

The Tangent – “A Spark in The Aether” – Olha o prog aí de novo. É um álbum empolgante do início ao fim. Como as faixas são longas, os instrumentistas têm que ser criativos e segurar a atenção do ouvinte. A banda vai além disso, emulando astrais surreais e estranhos. Os vocais são bem afinados e as sucessões de climas estão bem de acordo com os admiradores do gênero (como eu), enfim, sem enrolar mais, foi amor à primeira ouvida.

sábado, 20 de março de 2021

Especial – 30 Bons álbuns de 2017

A partir dessa semana, o blog vai estar publicando uma série de resenhas sobre os melhores álbuns nos oito anos em que o programa existe, isto é, de 2014 a 2021 (2020 foi semana passada e 2021 no fim do ano). Algumas já foram publicadas em redes sociais, outras são absolutamente inéditas. Aproveitem e vão ouvir as bolachas.

Aaron Keylock – “Against The Grain” – Esse moleque britânico, bom de Blues e Rock, tinha apenas 18 anos quando gravou essa bolacha tocando como gente grande. Prodígio, já pega na guitarra desde os 8. Como estreante, não se saiu nada mal, dando um toque pop a canções irresistíveis como “I’m Falling” e “Spin The Bottle”.

Black Country Communion – “IV” – Desnecessário mencionar a qualidade de Glenn Hugues, Joe Bonamassa e Jason Bonham, ainda mais quando se juntam. Nesse álbum eles explodem em música maravilhosa, renovando as esperanças no Rock, e indo muito, muito além do sucesso da extraordinária “Collide”.

Black Stone Cherry – “Black to Blues” – Não se tratava de uma bolacha de novas da banda de Hard Rock já consagrada, mas um EP de releituras de standarts do Blues. São interpretações que te pegam pelo estômago e te levantam ao cerne das canções, com feeling muito apurado. De deixar os Rolling Stones atuais constrangidos.

Blondie – “Pollinator” – É sempre bacana ouvir a Debbie Harry fazendo esse Pop Rock alegre que sempre fez. Esse disco trouxe música eletrônica, rock, disco, new Wave bem dosados. Além das composições da dupla Harry/Stein há outras de SIA, Johnny Marr e uma participação especialíssima de Joan Jett em “Doom or Destiny”.

Brian May and Kerry Ellis – "Golden Days" – podem me chamar de saudosista do Queen, mas a parceria desses dois é inspiradora. Além de atriz, Ellis é uma cantora meticulosa e versátil e as canções e a concepção musical de Brian não são nada mal. A faixa título e “Love In A Rainbow” são clássicos absolutos.

Chris Robinson Brotherhood – “Barefoot In The Head” – A banda do ex vocalista do Black Crowes continuava produzindo canções e mais canções com aquele astral que só existe lá. Tem de tudo um pouco, rock, folk, soul, country na medida certa, bem gravado e executado, como sempre.

Colin Hay – “Fierce Mercy” – Esse sessentão escocês, radicado na Austrália é um mestre da canção, e isso já ficava claro desde os tempos do Men At Work. O seu 13º trabalho da consagrada carreira solo é um tanto mais feliz e otimista que o anterior e contém pérolas como “Secret Love” e “Two Fiends”.

Discipline – “Captives Of The Wine Dark Sea” – Esse impactante álbum deixa claro que esses norte-americanos estão entre os melhores do Prog Rock. Matthew Parmenter e sua turma não brincam em serviço e ainda esnobam em incursões pelo Pop e Heavy sem deixar cair a peteca.

Eric Gales – “Middle Of The Road” – Esse mago canhoto das cordas não invertidas incendeia a bolacha do inicio ao fim, sem dar trégua, cantando como um deus e tocando como um sábio. Na melhor tradição hendrixiana, ele esfola sua strato em faixas magnéticas como “I’ve Been Deceived”.

Flo Morrissey & Matthew E. White – “Gentle Woman, Ruby Man” – Esses dois queridões vindos de um lado e outro do Atlântico já são parceiros há algum tempo. Ela, jovem e britânica, tem a delicadeza e feeling corretos para os climas sofisticados e cool que ele, trintão e norte-americano cria em estúdio. Conclusão: covers pra aquecer a alma.

Gov't Mule – “Revolution Come...Revolution Go” – Warren Haynes e sua troupe sempre arrastaram multidões para suas longas apresentações em que homenageiam, virando do avesso, originais de outras bandas, em versão power trio. Muito criticados por não terem grande repertório próprio, aqui, eles provam que são o que são, uma super banda capaz de produzir um épico como a faixa-título.

Imelda May – “Life. Love. Flesh. Blood – Essa experiente musa irlandesa do rockabilly finalmente se arrisca na carreira solo com um álbum mais convencional de rock, pop e soul, em que há espaço pra mostrar todo o seu talento como intérprete.

Jake Bugg – “Hearts That Strain” – O filósofo prodígio do rock continua sua saga de auto-descobrimento criando a obra mais intimista e profunda de sua carreira até agora. Mais pra baladas, as canções podem desagradar os fãs, mas deixam clara a marca do compositor em que Jake vem se transformando. Agudo, perspicaz e, principalmente, diverso.

Life On Mars – “The Resurrection Of Ants” – Nesse petardo absolutamente surpreendente, o grupo novaiorquino destrói as fronteiras entre heavy, pop e progressivo, dando um sopro de vitalidade ao Rock’n Roll.

Living Colour – “Shade” – De tempos em tempos, Corey Glover e Vernon Reid largam seus projetos pessoais e se juntam pra gravar um disco e fazer uma turnê. Dessa vez a opção foi pelo blues que dá norte ao álbum, mas também a derivados como Soul e Rap. Além do virtuosismo, Heavy e as letras engajadas são as marcas registradas desses extraordinários músicos.

Menace Beach – “Lemon Memory” – É de chorar de alegria encontrar, entre tantas horríveis e pretensiosas bandas Indie, uma tão maravilhosa como esse duo britânico. Sem medo de serem esquisitos, eles detonam Roquenrol selvagem, sem cair no previsível, psicodelicamente indo, aonde poucas bandas novas ousam ir.

Morrissey – “Low In High School” – Finalmente um dos melhores letristas da história, encontrou um caminho sonoro, ainda nessa década, para produzir um disco à altura de sua realeza. Sem papas na língua, ele quer destruir a monarquia e a hipocrisia do mundo a machadadas (a começar pela capa).

Mr. Big – “Defying Gravity” – O pessoal mete o pau no metal meio farofa, mas quando o cara vai ouvir, encontra canções incrivelmente bem tocadas e gravadas, sem nenhum vocalzinho desafinado, com suingue e virtuosismo, aí ele pensa ... essa bandinha é bala! E diga-se mais, esse é o melhor álbum deles. Comece ouvindo a faixa título e se você não bateu o pezinho ou não se espantou com o solo do Paul Gilbert é porque não sabe ainda o que é bom.

Neil Young + Promise of The Real – “The Visitor” – A segunda colaboração de studio de Young com a banda continua rendendo bons frutos. Engajados como o protagonista, eles são a base perfeita pra Neil falar do que fala sempre: Dominação e Liberdade, Raiva e Perdão, Amor e Compaixão. “Children Of Destiny” é absolutamente Linda.

Pristine – “Ninja” – Heidi Solheim e sua turma incendeiam o pedaço com um petardo gravado em apenas um dia. É a invasão das bandas nórdicas, suecas, mas também as norueguesas como a Pristine, que puxam pesado no Hard Rock retro com vocal feminino. Pra ouvir no volume máximo!

Queens Of The Stone Age – “Villains” – Uma das maiores bandas do planeta voltou com um excepcional disco. O som da QOTSA é uma síntese perfeita de como o Rock de hoje deve ser. Uma grande mistura de gêneros. Josh Homme buscou no produtor Mark Ronson a perfeição sonora e não arreda pé de suas convicções ideológicas e musicais para o bem ou o mal do Rock.

Ronnie Baker Brooks – “Times Have Changed” – Um dos melhores álbuns de Blues do Ano, de pular de euforia de tão bom. Além dos vocais inspirados e sopros perfeitos, há várias participações especiais e um duelo com o pai, Lonnie Brooks, na antológica “Twine Time”.

Sheryl Crow – “Be Myself” – A rainha do Pop Rock está de volta em grande estilo. Canções e arranjos chiclete, sempre com muita, muita categoria e requinte, muito pop, mas muito Rock’n Roll também. Tem uma pá de canções perfeitas, mas “Roller Skate” e “Alone In The Dark” não sairão jamais de sua cabeça.

Siena Root – “A Dream Of Lasting Peace” – Olha aí, mais uma banda nórdica. É só imaginar que você está em 1971 ou 72 e ouvindo algo como Deep Purple ou Uriah Heep. Esses suecos são bons demais e esse é o seu melhor álbum. Não deixe de ouvir o anterior de 2014 pra confirmar a boa impressão.

Steve Hackett – “The Night Siren” – Outro senhor que continua produzindo, e muito. Esse cara não fez nada ruim na vida e sempre foi muito subestimado no Genesis. Aqui ele toca pacas, e tem composições lindíssimas como “Fifty Miles From The North Pole”.

Steven Wilson – “To The Bone” – Vegetariano e ateu convicto, o cara é o maior artista solo do Rock progressivo da atualidade. Também como engenheiro de som e produtor, vem deixando mundo afora vários remixes admiráveis de bandas clássicas como Yes, Jethro Tull e King Crimson. Com músicas co-escritas com o ilustre Andy Partridge, Wilson justifica toda sua celebridade e um pouco mais.

Taj Mahal & Keb' Mo' – “Tajmo” – Aula de sabedoria, sutileza e musicalidade. Sem atrolhos instrumentais, os dois mestres, à vontade, trocam gentilezas e recriam impecavelmente canções clássicas, inclusive “Squeeze Box” do The Who. E ainda tem participações especiais como Joe Walsh e Bonnie Raitt. Supimpa.

The Lachy Doley Group – “Lovelight” – Esse Australiano de voz de barítono, toca um Hammond e um Clavinet que Deus nos perdoe. Suas apresentações são bombásticas e ele tem espasmos de keyboard hero como ninguém no mundo. Seu álbum solo é ótimo e a faixa de abertura e “The Killer” são antológicas.

Ty Segall” – “Ty Segal” – O nono album solo desse californiano lembra muito o T-Rex, mas vai além disso. Em profundidade no universo Indie, ele amplia os limites do Garage em incursões no Punk e na Psicodelia, compondo um mosaico completo de seu universo. Muito particular e muito amplo ao mesmo tempo. Destaques para “Break A Guitar” e “Freedom.

Yusuf – “The Laughing Apple” – O Gênio de Cat Stevens nunca esteve tão claro como nesse álbum. Ele vai compondo pequenos épicos que contam histórias para todas as idades e enfatizam, delicadamente, a espiritualidade humana e a beleza. Pra ouvir e ficar feliz.

Essa é uma lista de acordo com a ótica do Programa Rock Night em sua quarta temporada. É diferente de uma lista comercial editada por um site informativo ou uma revista, em que predominam as opiniões dos membros da equipe ou o sucesso da bolacha. Foram ouvidos mais de 300 discos, que passaram por uma triagem pra serem aproveitados nas playlists ou não. 1500 lançamentos passaram pelo crivo ... Metal e eletrônico são excluídos, mais por uma questão de formato do que por preconceito.




















domingo, 14 de março de 2021

Especial – 20 Bons Álbuns de 2020

Todo ano tem aqueles disquinhos especiais originais daqueles artistas acima da média que acabam entrando pra nossa discoteca ou playlist pra sempre. O Programa Rock Night escolheu aqui apenas alguns, é claro. Todo mundo tem seus preferidos. Essa é apenas uma possível lista, levando em consideração obras que foram veiculadas no programa ao longo do ano e que entraram no Top 40 lá no final de 2020. Então, vejamos.

AC-DC – Power UpA há! Começando a lista com mais do mesmo! É que é em ordem alfabética … Mas não é bem assim, o grupo nunca tinha gravado essas músicas que ficaram engavetadas e são creditadas, todas, a Malcolm e Angus Young. A formação é a mais original possível. Então, levanta o volume e escancara no hard rock perfeito de um dos maiores sons do planeta. O single Shot in The Dark não deixa pedra sobre pedra. Realize e Kick When You’re Down não ficam atrás.

Al Di Meola – Across The Universe – Sim, é um disco de covers, e instrumentais. Mas as canções são as dos Beatles e o guitarrista está inspirado aqui. Ele criou versões muito próprias, ainda que algumas tenham semelhanças com outras conhecidas. Tocando violão e num clima acústico, esse músico de Nova Jersey e manjadão pra quem gosta de jazzrock, esbanja categoria e sutileza em Here Comes The Sun que abre a bolacha, a linda releitura de Strawberry Fields Forever (em que ele se utiliza do melotron no começo também) e a sutil e bela Julia entre outras delícias.


Black Stone Cherry – The Human Condition Esse grupo vem se destacando no Metal Alternativo ao longo dessa última finda década e nesse álbum demonstram sua perfeita maturidade em equilibrar som pesado com algum pop. O excelente vocal de Chris Robertson e as sempre ótimas guitarras atestam que os caras são algo mais além de caipiras do Kentucky. Destaque para a nervosa Ringin’ In My Head que abre o disco, o trash de Live This Way e a balada If My Heart Had Wings.


Blues Pills – Holy Moly! - Agora chegou a vez do Rock Sueco! Essa é a pátria da boa música e as garotas cantam nas bandas dos guris na maior curtição e arrasam. Aqui eles dão um passo além e flertam definitivamente com o pop engajado como na abertura Proud Women. O Blues chega em Low Road que anuncia um disco pesado, na verdade. O clima hard segue e ainda há espaço pra boas baladas como California e Dust.



Bruce Springsteen – Letter To You – Quem se cansou do Boss mediano dos últimos álbuns solo vai gostar desse aqui. A E-Street Band está de volta e com ela o som clássico de Springsteen. Para o fã, o disco não é menos que sensacional. Parece que acompanhado dos viejos amigos as canções do patrão funcionam melhor. É o que ocorre em House of a Thousand Guitars e Ghosts. É claro que a sentimental faixa-título não decepciona nem um pouco.



Declan McKenna – Zeros – Em seu segundo álbum, esse piá impressiona pela versatilidade e nível das composições. Indo muito além do pop palatável, Declan impõe seu estilo e projeta a música que vem pela frente. O single Be An Astronaut é simplesmente soberbo e não se circunscreve em um só padrão. Pode até ser um Prog Rock se olharmos por certo ângulo. You Better Believe, a abertura e Daniel, You’re Still a Child não são menos impressionantes.



Deep Purple – Whoosh! - Fala mal do velhinhos, fala! Quem disse que idade significa alguma coisa no Rock And Roll? Essa bolacha é um petardo do hard progressivo como quase não existe mais. Os caras estão super em forma, as passagens instrumentais são ótimas, os solos são afudê, etc. etc, etc. Os singles são um arraso, Throw My Bones que abre o álbum e Man Alive. A voz do Gillan tá bacana, tem as bem Purplescas como Drop the Weapon e Step By Step, o rockão What The What e um flerte bacana com o pop na bela The Power of The Moon.


Flying Circus – 1968 – A Alemanha eventualmente produz boas bandas de Rock. Esse grupo vem num crescendo nos últimos anos e nos apresentou um disco que traz a memória desse ano marcante da história. Os vocais lembram Geddy Lee do Rush, mas o som vai além do hard progressivo e tem pitadas de pop e também climas típicos de Krautrock, mas sem exageros. A inspiração é Dark Side Of The Moon; é um álbum conceitual baseado no que se passou em algumas cidades que dão nomes às músicas como ParisNew York e Vienna.



Green Day – Father Of All Motherfuckers2020 foi o ano em que Billie Joe Armstrong gravava seu ótimo disco solo de covers, mas em Fevereiro lançou o álbum que gravou com a banda em 2019. É Punk Rock? Sim! Mas tem um lado Vintage impresso na concepção do disco que o torna muito diferente e interessante. Stab You In The Heart é pura dinamite, assim como Fire, Ready, Aim e tem coisas tipo Hino Greendayano em que I Was a Teenager Teenager se encaixa muito bem.



Green Seagull – Cloud CoverPense que você está em Los Angeles ou Londres em 1967 ou pouco depois. Esse é o som dos ingleses do G.S. Pop barroco, psicodélico com direito a cravos, cítaras, pedais fuzz e harmonias vocais a la Beach Boys. Há uma nova cena Neo-Psych londrina da qual o grupo é expoente. Em seu segundo álbum eles, mais uma vez, repetem a fórmula que gerou boas críticas para a bolacha de estreia. Destaque para a bela balada de abertura Aerosol e a grudenta Dead And Gone. Eles até se arriscam em contemporaneidade na funkeada Live in Lover.

Joe Bonamassa – Royal TeaO maioral do blues-rock contemporâneo está de volta. Dessa vez ele gravou no Abbey Road, em janeiro de 2020, pouco antes da pandemia, no histórico estúdio onde os Beatles viveram grandes momentos. Acredito que essa atmosfera nostálgica tenha influenciado na gravação que é bela e ousada. A começar pela abertura orquestrada e lenta, When The Door Opens que se qualifica a clássico do Rock. Ele fez jams com Jools Holland, Dave Stewart e Bernie Marsden e saíram várias parcerias. Destaque para o maravilhoso Blues Rock com muito wah-wah I Did,t Think She Would Do It, e Lonely Boy, Rockabilly com Big Band e eco na voz. Esse músico americano faz mais uma vez o caminho de girar a roda da história pois o disco é uma homenagem à British Explosion que influenciou jovens guitarristas como ele a abraçarem a profissão.

Laura Marling – Song For Our Daughter Todo mundo tem uma voz angelical que gosta de ouvir pra se sentir elevado. Podemos falar da Sandy Denny ou da Joni Mitchell, mas atualmente tem a Laura Marling. Flertando com pop, mas essencialmente no universo índie e folk, essa expressiva cantora fez mais um disco soberbo. Sempre enfatizando o universo feminino e íntimo, abre com Alessandra que traz um clima anos 70 bem cheio de sentimento. Held Down vem em seguida no mesmo embalo, cheio de belos vocais de apoio. Strange Girl é uma pouco mais animada e um tanto dylanesca como muitas vezes essa cantora soa. No refrão a música se acende com uma voz muito bela e um lindo e preciso apoio vocal.

Lousiana’s Leroux – One Of These DaysPode um grupo voltar à ativa depois de 20 anos e gravar um álbum exemplar? Esse grupo, que obteve sucesso nos anos 80 e gravou esporadicamente nos anos 90, fez isso. Sempre abraçando o gênero Southern Rock, o Le Roux não decepciona nem um pouco. A começar pela escolha do ótimo vocalista Jeff McCarty cujo timbre é perfeito pra cantar Rock. Destaque pra incrível abertura e faixa título One Of These Days que começa em alto astral embalando com a bela e suplicante balada No One’s Gonna Love Me (Like The Way You Do) e Lucy Anna mantendo a velha tradição de canções com nome de mulher.


Marcus King – El DoradoKing, um nome novo e brilhante. Em seu primeiro trabalho solo, luxuosamente produzido por Dan Auerbach, o cantor e guitarrista se entrega à emoção e foge um pouco à obviedade do som do sul dos EUA. É visível a tentativa de escapar dos rótulos. Muito soul e uma voz rasgada, aguda e cheia de feeling, em um garoto de 23 anos e olhos azuis, realmente impressiona bastante. As guitarreadas são precisas, marcantes e econômicas. O time que acompanha é formado por feras, destaque para a sublime abertura Young Man’s Dream com uma pitada de country, o blues-rock com riff poderoso The Well e o flerte com o pop funkeado em One Day She’s Here.


Morrissey – I Am Not A Dog On A ChainNão há como descartar esse veterano como um grande letrista do Pop/Rock. O que se destaca aqui é a língua afiada contra aqueles que querem enquadrá-lo por certas atitudes ou reduzí-lo a rótulos, o que é brilhante, a começar pela faixa título, Eu não sou um cachorro numa coleira. A sonoridade é eletrônica, batidas sintetizadas e tecladinhos, mas isso não esmaece o vigor do álbum. O clima iconoclástico continua em Love is On Its Way Out em que ele procura a falta de amor nas entrelinhas. Darling, I Hug A Pillow também é outra boa resposta desaforada àqueles que criticam sua (falta de) sexualidade.


Rufus Wainwright – Unfollow The RulesO compositor canadense volta a gravar um disco autoral depois de 7 anos, o último tinha sido Out Of The Game (2013). Maduro, a começar pelos cabelos e barba, brancos na capa, ele se apresenta aqui melhor do que nunca. Suas canções brilham com melodias surpreendentes que transitam ao longo de sua grande extensão vocal, indo do barítono até os altos falsetes. Destaque para a marcante abertura Trouble In Paradise, o sempre vivo auto-cinismo de You Ain’t Big e a bela valsa Peacefull Afternoon.

Shemekia Copeland – Uncivil War – Essa multinomeada e vencedora de Grammys é nada mais do que uma das maiores cantautoras do mundo. Já foi chamada de “a rainha do blues” e sua voz é cheia de personalidade, madura, infalível e muito forte. Além disso o álbum é uma aula de como compor canções inteligentes que falam sobretudo do racismo e do sexismo nos EUA, com arranjos sofisticados e precisos pra realçar o que importa, as soberbas interpretações. Sonoramente ela está na área do Blues/Soul/Americana com pitadas de rock e pop, enfim para agradar a todos. Gravado em Nashville, traz uma faixa de abertura que já vem arrasando. Clotilda´s On Fire É sobre uma mulher que é escravizada num navio. Walk Until I Ride, Uncivil War e Money Makes You Ugly não são menos impressionantes. Mas há muito mais, é claro.

Terra Lightfoot – Consider The Speed – Esse álbum surpreendente vem de uma artista que, como o título insinua, vive correndo. Depois de uma turnê mundial para promover seu segundo álbum, Terra foi pra casa descansar, e mesmo assim não se inspirava a compor. Então tudo mudou quando resolveu ir a Nashville, sempre Nashville. Algumas semanas por ali a fizeram escrever canções íntimas e confessionais, além de elaborar a morte de sua avó. O resultado é simplesmente um clássico de beleza, autenticidade e, principalmente, excelente música. Blues Rock de raiz, abre com a funkeada Called Out Your Name. Em seguida vem a pop e hipnótica It’s Over Now. A linda balada Empty House entra em seguida … que sequência de abertura!

The Struts – Strange Days – Apesar das crítica medianas, há que se considerar esse como o melhor álbum do grupo. Os “dias estranhos” da Covid fizeram os caras gravar dez músicas em dez dias. Cheio de parcerias e participações especiais e alguns covers, a bolacha é um amálgama de pop e rock’n roll gravado com honestidade e sem preocupação com rótulos. A regravação de Strange Days com Robbie Williams abre bem. É uma bela canção. Do You Love Me do Kiss é bem bacana. Mas o destaque vai para a faixa com a participação de Albert Hammond Jr., um nome solo em ascensão, guitarrista do The Strokes, que embeleza Another Hit Of Showmanship, um pop rock berrado, bem ao estilo do grupo.

Wishbone Ash – Coat Of Arms Ninguém pode acusar essa banda de não ter-se mantido fiel a seu som que é um rock pesado, mas com duas guitarras não tão distorcidas. Essa convicção em um som próprio é que possibilita a essa altura do campeonato registrar um disco como esse. Já abre com a convincente e vigorosa We Stand As One que tem um bom riff. A faixa título vem em seguida. Épica e longa tem outra boa base de guitarra natural com uma frase que ganha importância ao longo da música, se metamorfoseando, sempre no duelo de duas gibsons, que aliás estão no brasão que ostenta a capa (Uma Les Paul e uma Flying V). Também tem a quase pop Too Cool For Ac e a bela balada Déjà-Vu.



Crônica – In The Begin de Begin

Nunca poderemos deixar de pensar que uma das eras de ouro de nossas existências foi a infância. É aquele período encantado em que todas as m...