A
partir dessa semana, o blog vai estar publicando uma série de
resenhas sobre os melhores álbuns nos oito anos em que o programa
existe, isto é, de 2014 a 2021 (2020 foi semana passada e 2021 no
fim do ano). Algumas já foram publicadas em redes sociais, outras
são absolutamente inéditas. Aproveitem e vão ouvir as bolachas.
Aaron
Keylock – “Against The Grain” –
Esse moleque britânico, bom de Blues e Rock, tinha
apenas 18 anos quando
gravou essa bolacha tocando
como gente grande. Prodígio, já pega na guitarra desde os 8. Como
estreante, não se saiu nada mal, dando um toque pop a canções
irresistíveis como “I’m Falling” e “Spin The Bottle”.
Black
Country Communion – “IV” – Desnecessário mencionar a
qualidade de Glenn Hugues, Joe Bonamassa e Jason Bonham, ainda mais
quando se juntam. Nesse álbum eles explodem em música maravilhosa,
renovando as esperanças no Rock, e indo muito, muito além do
sucesso da extraordinária “Collide”.
Black
Stone Cherry – “Black to Blues” – Não se tratava de uma
bolacha de novas da banda de Hard Rock já consagrada, mas um EP de
releituras de standarts do Blues. São interpretações que te pegam
pelo estômago e te levantam ao cerne das canções, com feeling
muito apurado. De deixar os Rolling Stones atuais constrangidos.
Blondie
– “Pollinator” –
É sempre bacana ouvir a Debbie Harry fazendo esse Pop Rock alegre
que sempre fez. Esse disco trouxe
música
eletrônica,
rock,
disco,
new
Wave bem dosados. Além das composições da dupla Harry/Stein há
outras de SIA,
Johnny
Marr
e uma participação especialíssima de Joan
Jett
em “Doom or Destiny”.
Brian
May and Kerry Ellis – "Golden
Days" –
podem me chamar de saudosista do Queen, mas a parceria desses dois é
inspiradora. Além de atriz, Ellis é uma cantora meticulosa e
versátil e as canções e a concepção musical de Brian não são
nada mal. A faixa título e “Love In A Rainbow” são clássicos
absolutos.
Chris
Robinson Brotherhood – “Barefoot In The Head” – A banda
do ex vocalista do Black Crowes continuava produzindo canções e
mais canções com aquele astral que só existe lá. Tem de tudo um
pouco, rock, folk, soul, country na medida certa, bem gravado e
executado, como sempre.
Colin
Hay – “Fierce Mercy” – Esse sessentão escocês, radicado
na Austrália é um mestre da canção, e isso já ficava claro desde
os tempos do Men At Work. O seu 13º trabalho da consagrada
carreira solo é um tanto mais feliz e otimista que o anterior e
contém pérolas como “Secret Love” e “Two Fiends”.
Discipline
– “Captives Of The Wine Dark Sea” – Esse impactante álbum
deixa claro que esses norte-americanos estão entre os melhores do
Prog Rock. Matthew Parmenter e sua turma não brincam em
serviço e ainda esnobam em incursões pelo Pop e Heavy sem deixar
cair a peteca.
Eric
Gales – “Middle Of The Road” – Esse mago canhoto das
cordas não invertidas incendeia a bolacha do inicio ao fim, sem dar
trégua, cantando como um deus e tocando como um sábio. Na melhor
tradição hendrixiana, ele esfola sua strato em faixas
magnéticas como “I’ve Been Deceived”.
Flo
Morrissey & Matthew E. White – “Gentle Woman, Ruby Man”
– Esses dois queridões vindos de um lado e outro do Atlântico já
são parceiros há algum tempo. Ela, jovem e britânica, tem a
delicadeza e feeling corretos para os climas sofisticados e cool que
ele, trintão e norte-americano cria em estúdio. Conclusão: covers
pra aquecer a alma.
Gov't
Mule – “Revolution Come...Revolution Go” – Warren Haynes
e sua troupe sempre arrastaram multidões para suas longas
apresentações em que homenageiam, virando do avesso, originais de
outras bandas, em versão power trio. Muito criticados por não terem
grande repertório próprio, aqui, eles provam que são o que são,
uma super banda capaz de produzir um épico como a faixa-título.
Imelda
May – “Life. Love. Flesh. Blood – Essa experiente musa
irlandesa do rockabilly finalmente se arrisca na carreira solo com um
álbum mais convencional de rock, pop e soul, em que há espaço pra
mostrar todo o seu talento como intérprete.
Jake
Bugg – “Hearts That Strain” – O filósofo prodígio do
rock continua sua saga de auto-descobrimento criando a obra mais
intimista e profunda de sua carreira até agora. Mais pra baladas, as
canções podem desagradar os fãs, mas deixam clara a marca do
compositor em que Jake vem se transformando. Agudo, perspicaz e,
principalmente, diverso.
Life
On Mars – “The Resurrection Of Ants” – Nesse petardo
absolutamente surpreendente, o grupo novaiorquino destrói as
fronteiras entre heavy, pop e progressivo, dando um sopro de
vitalidade ao Rock’n Roll.
Living
Colour – “Shade” – De tempos em tempos, Corey Glover e
Vernon Reid largam seus projetos pessoais e se juntam pra gravar um
disco e fazer uma turnê. Dessa vez a opção foi pelo blues que dá
norte ao álbum, mas também a derivados como Soul e Rap. Além do
virtuosismo, Heavy e as letras engajadas são as marcas registradas
desses extraordinários músicos.
Menace
Beach – “Lemon Memory” – É de chorar de alegria
encontrar, entre tantas horríveis e pretensiosas bandas Indie, uma
tão maravilhosa como esse duo britânico. Sem medo de serem
esquisitos, eles detonam Roquenrol selvagem, sem cair no previsível,
psicodelicamente indo, aonde poucas bandas novas ousam ir.
Morrissey
– “Low In High School” – Finalmente um dos melhores
letristas da história, encontrou um caminho sonoro, ainda nessa
década, para produzir um disco à altura de sua realeza. Sem papas
na língua, ele quer destruir a monarquia e a hipocrisia do mundo a
machadadas (a começar pela capa).
Mr.
Big – “Defying Gravity” – O pessoal mete o pau no metal
meio farofa, mas quando o cara vai ouvir, encontra canções
incrivelmente bem tocadas e gravadas, sem nenhum vocalzinho
desafinado, com suingue e virtuosismo, aí ele pensa ... essa
bandinha é bala! E diga-se mais, esse é o melhor álbum deles.
Comece ouvindo a faixa título e se você não bateu o pezinho ou não
se espantou com o solo do Paul Gilbert é porque não sabe ainda o
que é bom.
Neil
Young + Promise of The Real – “The Visitor” – A segunda
colaboração de studio de Young com a banda continua rendendo bons
frutos. Engajados como o protagonista, eles são a base perfeita pra
Neil falar do que fala sempre: Dominação e Liberdade, Raiva e
Perdão, Amor e Compaixão. “Children Of Destiny” é
absolutamente Linda.
Pristine
– “Ninja” – Heidi Solheim e sua turma incendeiam o pedaço
com um petardo gravado em apenas um dia. É a invasão das bandas
nórdicas, suecas, mas também as norueguesas como a Pristine, que
puxam pesado no Hard Rock retro com vocal feminino. Pra ouvir no
volume máximo!
Queens
Of The Stone Age – “Villains” – Uma das maiores bandas do
planeta voltou com um excepcional disco. O som da QOTSA é uma
síntese perfeita de como o Rock de hoje deve ser. Uma grande mistura
de gêneros. Josh Homme buscou no produtor Mark Ronson a perfeição
sonora e não arreda pé de suas convicções ideológicas e musicais
para o bem ou o mal do Rock.
Ronnie
Baker Brooks – “Times Have Changed” – Um dos melhores
álbuns de Blues do Ano, de pular de euforia de tão bom. Além dos
vocais inspirados e sopros perfeitos, há várias participações
especiais e um duelo com o pai, Lonnie Brooks, na antológica “Twine
Time”.
Sheryl
Crow – “Be Myself” – A rainha do Pop Rock está de volta
em grande estilo. Canções e arranjos chiclete, sempre com muita,
muita categoria e requinte, muito pop, mas muito Rock’n Roll
também. Tem uma pá de canções perfeitas, mas “Roller Skate” e
“Alone In The Dark” não sairão jamais de sua cabeça.
Siena
Root – “A Dream Of Lasting Peace” – Olha aí, mais uma
banda nórdica. É só imaginar que você está em 1971 ou 72 e
ouvindo algo como Deep Purple ou Uriah Heep. Esses suecos são bons
demais e esse é o seu melhor álbum. Não deixe de ouvir o anterior
de 2014 pra confirmar a boa impressão.
Steve
Hackett – “The Night Siren” –
Outro senhor que continua produzindo, e muito. Esse cara não fez
nada ruim na vida e sempre foi muito subestimado no Genesis. Aqui ele
toca pacas, e tem composições lindíssimas como “Fifty Miles From
The North Pole”.
Steven
Wilson – “To The Bone” – Vegetariano e ateu convicto, o
cara é o maior artista solo do Rock progressivo da atualidade.
Também como engenheiro de som e produtor, vem deixando mundo afora
vários remixes admiráveis de bandas clássicas como Yes, Jethro
Tull e King Crimson. Com músicas co-escritas com o ilustre Andy
Partridge, Wilson justifica toda sua celebridade e um pouco mais.
Taj
Mahal & Keb' Mo' – “Tajmo” – Aula de sabedoria,
sutileza e musicalidade. Sem atrolhos instrumentais, os dois mestres,
à vontade, trocam gentilezas e recriam impecavelmente canções
clássicas, inclusive “Squeeze Box” do The Who. E ainda tem
participações especiais como Joe Walsh e Bonnie Raitt. Supimpa.
The
Lachy Doley Group – “Lovelight” – Esse Australiano de voz
de barítono, toca um Hammond e um Clavinet que Deus
nos perdoe. Suas apresentações são bombásticas e ele tem espasmos
de keyboard hero como ninguém no mundo. Seu álbum solo é
ótimo e a faixa de abertura e “The Killer” são antológicas.
“Ty
Segall” – “Ty Segal” – O nono album solo desse
californiano lembra muito o T-Rex, mas vai além disso. Em
profundidade no universo Indie, ele amplia os limites do Garage em
incursões no Punk e na Psicodelia, compondo um mosaico completo de
seu universo. Muito particular e muito amplo ao mesmo tempo.
Destaques para “Break A Guitar” e “Freedom.
Yusuf
– “The Laughing Apple” – O Gênio de Cat Stevens nunca
esteve tão claro como nesse álbum. Ele vai compondo pequenos épicos
que contam histórias para todas as idades e enfatizam,
delicadamente, a espiritualidade humana e a beleza. Pra ouvir e ficar
feliz.
Essa
é uma
lista de acordo com a ótica do Programa Rock Night em sua quarta
temporada. É diferente de uma lista comercial editada por um site
informativo ou uma revista, em que predominam as opiniões dos
membros da equipe ou o sucesso da bolacha. Foram ouvidos mais de 300
discos, que passaram
por uma triagem pra serem aproveitados nas playlists ou não. 1500
lançamentos passaram pelo crivo ... Metal e eletrônico são
excluídos, mais por uma questão de formato do que por preconceito.